BACTÉRIAS

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Bactérias (do grego bakteria, bastão) são organismos unicelulares, procariontes, que podem ser encontrados na forma isolada ou em colônias e pertencem ao Reino Monera. São microorganismos constituídos por uma célula, sem núcleo celular envolvido pela membrana nuclear ou carioteca nem organelas membranares.


Descoberta dos microrganismos

Antonie van Leeuwenhoek, a primeira pessoa a observar bactérias usando um microscópio.

Descobertas por Antoni van Leeuwenhoek em 1683. Leeuwenhoek era um negociante holandês que tinha como passatempo polir lentes e construir micróscopios. Com um desses aparelhos ele observou resíduos retirados de seus próprios dentes e, para sua surpresa, viu seres minúsculos em forma de bastonetes. Ele também observou seres microscópicos semelhantes em muitos outros materiais (água parada, gota de água sobre plantas etc.) Em suas descrições, ele refere a esses seres microscópicos como "animálculos", que significa pequenos animais.

Seres microscópicos como descobertos por Leeuwenhoek somente passaram a despertar o interesse dos cientistas no final do século XIX, quando médico alemão Robert Koch (1843-1910) descobriu que eles eram a causa de uma doença do gado, o antraz. Até então, a noção de que as bactérias podiam causar doenças foi sendo lentamente aceita, com a demonstração da origem bacteriana de diversas doenças humanas, como a gonorréia, tifo, lepra etc.

O fato de certa doenças causadas por bactérias levou à ideia de que todas elas eram prejudiciais. Conta-se que Pasteur tinha horror à sujeira (onde ele sabia haver bactérias) e evitava apertar as mãos das pessoas. As bactérias foram inicialmente classificadas entre as plantas; em 1894, Ernst Haeckel incluiu-as no reino Protista e actualmente as bactérias compõem um dos três domínios do sistema de classificação cladístico. Vulgarmente, utiliza-se o termo "bactéria" para designar também as archaebactérias, que actualmente constituem um domínio separado. As cianobactérias (as "algas azuis") são consideradas dentro do domínio Bactéria.

As bactérias são normalmente microscópicas ou submicroscópicas (detectáveis apenas ao microscópio electrônico), com dimensões máximas tipicamente da ordem dos 0,5 a 5 micrómetros. Uma excepção é uma bactéria (Epulopiscium fishelsoni) isolada no tubo digestivo de um peixe, com um comprimento compreendido em 0,2 e 0,7 mm.

O estudo dos diferentes microorganismos, tais como bactérias, fungos, vírus e parasitas, é da responsabilidade da Microbiologia.

História da bacteriologia

Ver artigo principal: Microbiologia
Bactérias Cytrobacter freundii ao microscópio eléctronico

A palavra bacterium foi introduzida pelo microbiologista alemão C.G. Ehrenberg, em 1828, que a foi buscar à língua grega, na qual βακτηριον significa "pequeno bastão" (em alusão às bactérias com essa forma). Louis Pasteur (1822-1895) e Robert Koch (1843-1910) foram os primeiros cientistas a descrever o papel das bactérias como vectores de várias doenças.

Como já foi referido, as bactérias foram inicialmente consideradas um grupo de plantas (no sentido da taxonomia de Lineu) e agrupadas com os fungos (na classe Schizomycetes) mas, mais tarde, foram agrupadas com outros organismos unicelulares, os Protistas e, mais tarde, entre os procariotas. Com o advento das técnicas moleculares, em 1977, Carl Woese dividiu os procariotas em dois grupos, com base nas sequências “16S” do r-RNA, que chamou os reinos Eubacteria e Archaebacteria, mais tarde denominados Bacteria e Archaea. Alguns cientistas, no entanto, consideram que as diferenças genéticas entre aqueles dois grupos não justificam a divisão e que tanto as arqueobactérias como os eucariontes provavelmente se originaram a partir de bactérias primitivas.

Morfologia

Morfologias bacterianas.

As bactérias classificam-se morfologicamente de acordo com a forma da célula e com o grau de agregação:

Quanto a forma
Quanto ao grau de agregação

Apenas os Bacilos e os cocos formam colônias.

Estrutura celular

Estruturas da célula bacteriana. A-Pili B-Ribossomas; C-Cápsula; D-Parede celular; E-Flagelo; F-Citoplasma; G-Vacúolo; H-Plasmídeo; I-Nucleído; J-Membrana celular

A estrutura da célula bacteriana é a de uma célula procariótica, sem organelos ligados à membrana celular, tais como mitocôndrias ou plastos, sem um núcleo rodeado por uma cariomembrana e sem DNA organizado em verdadeiros cromossomas, como os das células eucariotas.

Estruturas da célula procariota:

  1. O nucleóide não é um verdadeiro núcleo, já que não está delimitado do resto da célula por membrana lipídica própria. O nucleóide consiste em uma única grande molécula de DNA com proteínas associadas. O seu tamanho varia de espécie para espécie. Na Escherichia coli, uma bactéria típica, o genoma tem quase 5 milhões de pares de bases e vários milhares de genes codificando mais de 4000 proteínas (o genoma humano tem 3 mil milhões de pares de bases e cerca de 40.000 proteínas).
  2. Os plasmídeos circulares são pequenas moléculas de DNA que coexistem com o nucleóide. São comummente trocadas na reprodução sexuada. Os plasmideos têm genes, incluindo frequentemente aqueles que protegem a célula contra os antibióticos.
  3. O hialoplasma é um liquido com consistência de gel, semelhante ao dos eucariotas, com sais, glicose e outros açúcares, proteínas funcionais e várias outras moléculas orgânicas. Contém também RNA da transcrição génica, e cerca de 20 mil ribossomas. Os ribossomas procariotas são bastante diferentes dos eucariotas (essas diferenças foram usadas para desenvolver antibióticos usados para só afectar os ribossomas das bactérias).
  4. A membrana celular é uma dupla camada de fosfolípidos, com proteínas importantes (na permeabilidade a nutrientes e outras substâncias, defesa, e na cadeia respiratória e produção de energia).
  5. A parede celular bacteriana é uma estrutura rígida que recobre a membrana citoplasmática e confere forma às bactérias. É uma estrutura complexa composta por peptidoglicanos, polímeros de carboidratos ligados a proteínas como a mureína, com funções protectoras. A parede celular é o alvo de muitos antibióticos. Ela contém em algumas espécies infecciosas a endotóxina lipopolissacarídeo (LPS) uma substância que leva a reacção excessiva do sistema imunitário, podendo causar morte no hóspede devido a choque séptico.
  6. Algumas espécies de bactérias têm uma camada de polissacarídeos que protege contra desidratação e reconhecimento pelo sineide, chamada de cápsula.
  7. Os pili são microfibrilhas proteicas que se estendem da parede celular em muitas espécies Gram-negativas. Têm funções de ancoramento da bactéria ao seu meio e são importantes na patogénese. Um tipo especial de pilus é o pilus sexual, estrutura oca que serve para ligar duas bactérias, de modo a trocarem plasmídeos. (Pilus vem do Latim, que significa pêlo, cabelo. Pili - Plural; Pilus - Singular)
  8. O flagelo é uma estrutura proteica que roda como uma hélice. Muitas espécies de bactérias movem-se com o auxílio de flagelos. Os flagelos bacterianos são muito simples e completamente diferentes dos flagelos dos eucariotas (como, no homem, os dos espermatozóides).
  9. Os vacúolos não são verdadeiros vacúolos já que não são delimitados por dupla membrana lipídica como os das plantas. São antes grânulos de substâncias de reserva, como açúcares complexos.
  10. Algumas bactérias podem enquistar, formando um esporo, com um invólucro de polissacáridos mais espesso e ficando em estado de vida latente quando as condições ambientais foram desfavoráveis.

Metabolismo

Fonte de carbono

De acordo com a fonte de átomos de carbono para a produção de suas moléculas orgânica, elas são classificadas em dois grandes grupos:

  • Heterotróficas : São bactérias que obtêm seus átomos de carbono de moléculas orgânicas que captam do ambiente. Além do gás carbonico ela precisa de um carboidrato.
Fonte de energia

Quanto à fonte que utilizam podem ser classificadas em dois grandes grupos:

Se combinarmos essas duas classificações, ou seja, a fonte de energia e a fonte de átomos de carbono podem classificar as bactérias em quatro grandes grupos, quanto a suas necessidades nutricionais:

Classificação

Fotoautotróficas

Bactérias fotoautotróficas são capazes de produzir elas mesmas as substâncias orgânicas que lhes servem de alimento, tendo como fonte de carbono o gás carbônico e como fonte de energia a luz

Protoclorófitas

São bactérias fotossintetizantes de clorofila dos tipos a e b, os mesmos quer ocorrem nos cloroplastos de algas verdes e plantas. Elas distinguem-se das cianobactérias por não apresentar ficobinas, pigmento acessório ao processo de fotossíntese. Há apenas três gênero Prohloron vivem em associação mutualística com ascídias (protocordados) coloniais e as do gênero Prochlorothrix foram encontradas apenas em lagos da Holanda.

O terceiro gênero, Prochlorococcus, com cerca de 35 espécies descritas, reúne bactérias esféricas com 0,5 a 0,7 μm de diâmetro, que vivem em mar aberto.

Cianobactérias

As cianobactérias são fotolitoautotróficas e aparentemente foram as pioneiras no uso da água como fonte de elétrons. Diferem das proclorófitas por apresentar apenas clorofila a, além de ficobilinas azul e vermelha. Esse pigmentos são responsáveis pelas diversas colorações, muitas vezes brilhantes, que essas bactérias apresentam.

Sulfobactérias

Realizam um tipo de fotossíntese em que a substância doadora de hidrogênio não é a água, mas compostos de enxofre, principalmente o gás sulfídrico (H2S). Por isso essas bactérias produzem enxofre elementar (S) como subproduto da fotossíntese, e não gás oxigênio, como na fotossíntese que utiliza H2O.

Fotoheterotróficas

As bactérias fotoheterotróficas utilizam luz como fonte de energia, mas não convertem exclusivamente o gás carbônico em moléculas orgânicas. Assim, elas utilizam compostos orgânicos que absorvem do meio externo, como álcoois, ácidos graxos, glicídios etc, como fonte de carbono para a produção dos componentes orgânicos de sua célula. Essas células são bactérias anaeróbias e, como exemplo, pode-se citar as bactérias não-sulfurosas verdes como Chloroflexus spp., e as não-sulfurosas púrpuras, como Rhodopseudomonas spp.

Quimioautotróficas

As bactérias quimioautotróficas utilizam oxidações de compostos inorgânicos como fonte de energia para a síntese de substância orgânicas a partir de gás carbônico (CO2) e de átomo de hidrogênio (H) proveniente de substâncias diversas. As substâncias orgânicas produzidas são utilizadas como matéria-prima para a formação dos componentes celulares ou degradadas para liberar energia para o metabolismo.

Quimioheterotróficas

A maioria das espécies bacterianas apresentam nutrição quimioheterotrófica, ou seja, tanto a fonte de energia quanto a de átomos são moléculas orgânicas que a bactéria ingere como alimento. De acordo com a fonte das substâncias que lhe servem de alimento, as bactérias heterotróficas são classificadas em saprofágicas e parasitas.

Saprofágicas

Obtêm alimento a partir de matéria orgânica sem vida, como cadáveres ou porções descartadas por outros seres vivos.

Parasitas

São as que obtêm alimento a partir de tecidos corporais de seres vivos, em geral causando doenças.

Crescimento e reprodução

Placa agar com colônias de bactérias

As bactérias podem se reproduzir com grande rapidez, dando origem a um número muito grande de descendentes em apenas algumas horas. A maioria delas reproduz-se assexuadamente , por cissiparidade, também chamada de divisão simples ou bipartição. Nesse caso, cada bactéria divide-se em duas outras bactérias geneticamente iguais, supondo-se que não ocorram mutações, isto é, alterações em seu material genético.

Em algumas espécies de bactérias pode ocorrer recombinação de material genético. É o caso da conjugação, fenômeno descoberto quando duas variedades geneticamente diferentes da bactéria Escherichia coli foram criadas juntas. Nesse processo, duas bactérias geneticamente diferentes se unem por meio de pontes citoplasmáticas. Uma delas, a bactéria doadora, injeta parte do seu material genético na outra, a bactéria receptora. Então, as duas bactérias separam-se. No interior da bactéria receptora, ocorrem recombinações gênicas. Em seguida, essa bactéria reproduz-se assexuadamente por cissiparidade, dando origem a novas bactérias, portadoras de material genético recombinado. A conjugação possibilita o aumento da variabilidade genética da população bacteriana, o que contribui para a sua adaptação a determinado ambiente.

Genética

Plasmídeos e DNA bacteriano.

A maioria das bactérias possui uma única cadeia de DNA circular. As bactérias, por serem organismos assexuados, herdam cópias idênticas do genes de suas progenitoras (ou seja, elas são clonais).

Algumas bactérias também transferem material genético entre as células. A transferência de genes é particularmente importante na resistência à antibióticos.A resistência a antibióticos acontece devido à "colocação" de um plasmídio que vai dar essa resistência ao antibiótico.

A maioria das batérias não apresentam reprodução sexuada, mas podem ocorrer misturas de genes entre indivíduos diferentes, o que é chamado de recombinação genética. Esse processo leva à formação de novos indivíduos com características genéticas diferentes, resultando na mistura de material genético. Uma bactéria pode adquirir genes de outra bactéria e mistura-la aos seus de três maneiras diversas:

Transformação bacteriana

Ocorre pela absorção de moléculas ou fragmentos de moléculas de DNA que estejam dipostos no ambiente, proveniente de bactérias mortas e decompostas; a célula bacteriana transformada passa a apresentar novas características hereditárias, condicionadas pelo DNA incorporado. Este não precisa ser de bactérias da mesma espécie; em princípio, qualquer tipo de DNA pode ser capturado se as condições forem adequadas. Entretanto, um DNA capturado só será introduzido no cromossomo bacteriano se for semelhante ao DNA da bactéria receptora.

Transdução bacteriana

Consiste na transferência de segmentos de moléculas de DNA de uma bactéria para outra. Isso ocorre porque, ao formar-se no interior das células hospedeiras, os bateriófagos podem eventualmente incorporar pedaços do DNA bacteriano. Depois de ser liberados a infectar outra bactéria, os bacteriófagos podem transmitir a ela os genes bacterianos que transportavam. A bactéria infectada eventualmente incorpora em seu cromossomo os genes recebido do fago. Se este não destruir a bactéria, ela pode multiplicar-se e originar uma linhagem "transduzida" com novas características, adquiridas de outras bactérias via fago.

Conjugação bacteriana

Consiste na transferência de DNA diretamente de uma bactéria doadora para uma receptora através de um tubo de proteína denominado pêlo sexual ou pilus, que conecta duas bactérias. Os pili estão presentes apenas em bactérias doadoras de DNA.

Os diferentes arranjos dos flagelos bacterianos.

Quando a recombinação genética foi descoberta pelo biólogo Joshua Lederberg, pensou-se que se tratava de um processo sexual comparável ao dos seres eucariontes . Por isso, na época, as bactérias doadoras de DNA foram denominados machos e as receptoras, fêmeas. A continuidade dos estudos mostrou que a capacidade de doar DNA está ligada à presença de um plasmídio denominado F (de fertilidade); bactérias portadoras do plasmídio F, denominadas F+, atuam como doadoras de DNA e as que não possuem o plasmídio F atuam como receptoras, sendo chamadas de F-. Hoje sabe-se que o DNA transferido de uma bactéria para outra, na conjugação, é quase sempre o plasmídio F. Algumas vezes, porém, um pequeno pedaço de DNA cromossômico une-se ao plasmídio e é transferido junto com ele na conjugação. Na bactéria receptora pode ocorrer recombinação genética entre o cromossomo e o fragmento de DNA unido ao plasmídio recebido da bactéria doadora.

Movimento

As bactérias móveis deslocam-se, quer através da utilização de flagelos, quer deslizando sobre superfícies, ou ainda por alterações da sua flutuabilidade. As espiroquetas constituem um grupo único de bactérias que possuem estruturas semelhantes a flagelos designadas por filamentos axiais ligadas a dois pontos da membrana celular no espaço periplasmático, além de terem uma forma helicoidal que gira no meio para se movimentar.

Os flagelos bacterianos encontram-se organizados de diferentes formas: algumas bactérias possuem um único flagelo polar (numa extremidade da célula), enquanto outras possuem grupos de flagelos, quer numa extremidade, quer em toda a superfície da parede celular (bactérias “peritricosas”).

As bactérias podem mover-se por reação a certos estímulos, um comportamento chamado “taxia” (também presentes nas plantas), como por exemplo, quimiotaxia, fototaxia, mecanotaxia e magnetotaxia (ver o artigo em italiano bactérias magnetotáxicas). Num grupo particular, as mixobactérias, as células individuais atraem-se quimicamente e formam pseudo-organismos amebóides que, para além de "rastejarem", podem formar frutificações.

Classificação e identificação

Arvóre filogenética dos arqueus e eubactérias e comparação com eurcariotas

A classificação das bactérias mudou radicalmente nos últimos anos, de forma a refletir o conhecimento atual sobre filogenia, como resultado dos recentes avanços na sequenciação dos genes, na bioinformática e na biologia computacional. Originalmente as bactérias foram consideradas um grupo dos fungos, os Schizomycetes, com exceção das cianobactérias que eram consideradas "algas azuis". A descoberta da sua comum estrutura celular procariótica distinta de todos os outros organismos (os eucariontes), levou a serem tratados como um grupo separado, denominado sucessivamente Monera, Bacteria e Prokaryota. (Ver também Reino).

Em geral pensava-se que os eucariontes fossem descendentes dos procariontes mas, estudando o seu RNA, Carl Woese descobriu que os procariontes compreendiam dois grupos separados, a que ele chamou Eubacteria e Archaebacteria mas que, mais tarde, ele próprio renomeou de Bacteria e Archaea. Woese argumentou que estes dois grupos, em conjunto com os eucariotas, formam domínios separados com origem e evolução separadas a partir de um organismo primordial. Desta forma, as bactérias poderiam ser divididas em vários reinos, mas normalmente são tratadas como um único reino, dividido em filos ou divisões. São geralmente consideradas um grupo monofilético, mas esta noção tem sido contestada por alguns autores.

Identificação laboratorial

  1. Recolha de amostras: faz-se pela recolha de amostras a partir dos tecidos ou secreções infectadas do doente. Assim, numa enterite usam-se amostras fecais, numa pneumonia expectoração, em órgãos internos biópsia e em muitas amostras de sangue.
  2. As amostras são cultivadas em placas de Petri (placas de vidro) com os nutrientes e factores necessários ao seu crescimento.
  3. São retiradas colónias bacterianas e espalhadas numa lâmina, onde são fixadas e coloridas (por exemplo com a técnica de Gram ou a técnica de Ziehl-Neelsen).
  4. São observadas ao microscópio óptico, e identificadas pela morfologia e coloração Gram.
  5. O tipo de colônia pode sugerir o organismo em questão: de uma forma geral, os bacilos gram negativos apresentam colônias brilhantes, úmidas ou cremosas; os estafilococos apresentam colônias médias opacas e os estreptococos colônias pequenas e opacas (podendo ser hemolíticas ou não, quando são cultivadas em ágar sangue de carneiro 5%)
  6. Se persistem dúvidas são usados testes bioquímicos.
  7. São efectuados testes de crescimento na presença de antibióticos (teste de sensibilidade aos antibióticos).

Classificação Gram

A distinção entre os dois maiores grupos de bactérias é feita com base em uma técnica de coloração desenvolvida pelo microbiologista dinamarquês Hans Christian Gram.

Quando a parede tem uma camada espessa de peptidoglicanos, as células se tingem de cor púrpura ou azul quando fixadas com violeta-cristal (uma preparação conhecida como técnica de Gram), e denominam-se bactérias "Gram-positivas".

"Gram-negativas" tingem de vermelho com a técnica de Gram, por conterem uma camada de lipídios no exterior da parede celular, então sua parede celular é composta por uma camada de peptidoglicanos e lipídios que ficam mais externos, por isso na hora da coloração há uma diferenciação na coloração, pois durante o processo de coloração o lipídio dissolve e solta a cor do cristal violeta, dando-lhe apenas a coloração vermelha.

Muitos antibióticos, incluindo a penicilina e seus derivados, atacam especificamente a parede celular das bactérias Gram-positivas, inibindo as enzimas transpeptidase e carboxipeptidase, responsáveis pela síntese dos peptidoglicanos.

Importância das bactérias

Staphylococcus aureus: Cocos gram-positivos de importância médica.

Os vários tipos de bactérias podem ser prejudiciais ou úteis para o meio ambiente e para os seres vivos. O papel das bactérias na saúde, como agentes infecciosos, é bem conhecido: o tétano, a febre tifóide, a pneumonia, a sífilis, a cólera e tuberculose são apenas alguns exemplos. Nas plantas, as bactérias podem também causar doenças. O modo de infecção inclui o contacto directo com material infectado, pelo ar, comida, água e por insectos. A maior parte das infecções pode ser tratada com antibióticos e as medidas anti-sépticas podem evitar muitas infecções bacterianas, por exemplo, fervendo a água antes de tomar, lavar alimentos frescos ou passar álcool numa ferida. A esterilização dos instrumentos cirúrgicos ou dentários é feita para os livrar de qualquer agente patogénico.

No entanto, muitas bactérias são simbiontes do organismo humano e de outros animais como, por exemplo, as que vivem no intestino ajudando na digestão e evitando a proliferação de micróbios patogénicos.

No solo existem muitos microorganismos que trabalham na transformação dos compostos de nitrogénio em formas que possam ser utilizadas pelas plantas e muitos são bactérias que vivem na rizosfera (a zona que inclui a superfície da raiz e o solo que a ela adere). Algumas destas bactérias – as nitrobactérias - podem usar o nitrogénio do ar e convertê-lo em compostos úteis para as plantas, um processo denominado fixação do nitrogénio. A capacidade das bactérias para degradar uma grande variedade de compostos orgânicos é muito importante e existem grupos especializados de microorganismos que trabalham na mineralização de classes específicas de compostos como, por exemplo, a decomposição da celulose, que é um dos mais abundantes constituintes das plantas.

Existem ainda várias espécies de bactérias usadas na preparação de comidas ou bebidas fermentadas, incluindo queijos, pickles, molho de soja, sauerkraut (ou chucrute), vinagre, vinho e iogurte. Com técnicas da biotecnologia foram já “criadas” bactérias capazes de produzir drogas terapêuticas, como a insulina e para a biodegradação de lixos tóxicos, incluindo derrames de hidrocarbonetos.

As bactérias decompositoras atuam na decomposição do lixo, sendo essenciais para tal tarefa.

Produção de hormônio

Em 1977, obteve pela primeira vez a síntese de uma proteína humana por um bactéria transformada. Um segmento de DNA com 60 pares de nucleotídeos, contendo o código para síntese de somatostatina (um hormônio composto de 14 aminoácido) foi ligado a um plasmídio e introduzido em uma bactéria, a partir da qual foram obtidos clones capazes de produzir somatostatina.

A insulina foi a primeira proteína humana produzida por engenharia genética em células de bactérias e aprovada para uso em pessoas. Até então, a fonte desse hormônio para tratamento de diabéticos eram os pâncreas de bois e porcos, obtidos em matadouros. Apesar de a insulina desses animais ser muito semelhante à humana, ela causa problemas alérgicos em algumas pessoas diabéticas que utilizavam o medicamento. A insulina produzida em bactérias transformadas, por outro lado, é idêntica à do pâncreas humano e não causa alergia, devendo substituir definitivamente a insulina animal.

O hormônio de crescimento, a somatotrofina, foi produzida pela primeira vez em bactérias em 1979, mas a versão comercial só foi liberada em 1985, após ter sido submetida a inúmeros testes que mostraram sua eficiência. O hormônio de crescimento é produzido pela hipófise, na sua ausência ou em quantidades muito baixa, a criança não se desenvolve adequadamente. Até pouco tempo atrás, a única opção para crianças que nasciam com deficiência hipofisária somatotrofina era tratamento com hormônio extraído de cadáveres. Agora esse hormônio é produzido por técnicas de engenharia genética.

Archaea

As arquéias são muito semelhantes às bactérias e só foram diferenciadas destas há poucas décadas, graças ao desenvolvimento das técnicas de análise molecular. Uma diferença importante entre arqueas e bactérias é quanto a constituição química da parede celular. As arquéias não apresentam, em sua parede celular, o peptidoglicano, constituinte típico das bactérias.


Curiosidades


  • As doenças provocadas por bactérias são, geralmente, mais graves que as provocadas por vírus.[carece de fontes?]
  • Em termos de evolução, as bactérias parecem ser dos organismos mais antigos, com registros fósseis de 3,7 bilhões de anos.
  • Segundo a Teoria da Endossimbiose, dois organelos celulares, as mitocôndrias e os cloroplastos teriam derivado de uma bactéria endosimbionte, provavelmente autotrófica, antepassada das atuais cianobactérias.
  • Podem enquistar, ou seja, rodear-se de uma parede celular especial que as protege e ficar em estado de vida latente até que as condições ambientais voltem a ser favoráveis; nessa forma, elas podem viver na poeira da nossa casa e ser transportadas por correntes de ar e, dessa maneira, infectar um ser vivo que respire esse ar.
  • O corpo humano contém normalmente bilhões de microorganismos, quer na pele, debaixo das unhas, na boca, nariz, intestino e em outras cavidades do nosso corpo; porém, elas são normalmente impedidas de crescer nos olhos pelo líquido lacrimal.
  • Existem bactérias que fabricam cristais de magnetita (Fe3O4) ou greigita (Fe3S4), materiais com propriedades magnéticas, e orientam seus movimentos pelo campo magnético terrestre.
  • As bactérias são os organismos mais bem sucedidos do planeta. A quantidade de bactérias em nosso corpo, principalmente no trato intestinal, pele e cavidades, é muito superior ao número de células do mesmo, e o mais preocupante, só se conhecem cerca de 50% delas.
  • As bactérias são microorganismos que vivem nos mais diversos ambientes.A maioria é de vida livre , não são parasitas de outros organismos,algumas são patogênicas.
  • Algumas convivem em harmonia com a gente como as bactérias que formam a nossa nossa flora intestinal.

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